Cirurgia Robótica

Robot ‘da Vinci Xi’
O robot ‘da Vinci Xi’ é o modelo de última geração de sistemas cirúrgicos robóticos, que funciona como a “extensão das mãos e olhos” do cirurgião. A imagem tridimensional, de alta definição, ampliada e estável deste robot permite ao médico, durante a cirurgia, ver de forma clara estruturas anatómicas e planos de disseção que antes via com dificuldade ou que não via de todo. A realização da Cirurgia Robótica nas melhores condições implica blocos operatórios equipados com tecnologia moderna, equipas cirúrgicas competentes e experientes, com treino adequado e em que é central o papel do cirurgião, como acontece no Hospital CUF Tejo e Hospital CUF Porto.

O que é?

A Cirurgia Robótica é a evolução natural da cirurgia minimamente invasiva laparoscópica. O cirurgião opera através de pequenas incisões (5 a 12 mm), usando uma câmara com imagem tridimensional, ampliada e de alta definição e instrumentos miniaturizados, mais ágeis e precisos do que a mão humana. A cirurgia robótica permite, pela primeira vez na história da cirurgia, a interposição de um dispositivo digital – na verdade, um computador – entre o cirurgião e o doente operado. Este facto abre um campo infinito de novas possibilidades e funções, aliás, ainda incompletamente exploradas pelos dispositivos existentes. A cirurgia robótica seria mais corretamente designada por cirurgia digital, uma vez que não permite, pelo menos ainda, qualquer automatismo – como seria inerente ao conceito de robótica. O cirurgião controla todo o procedimento. Os sistemas cirúrgicos robóticos, que têm melhor visão, maior destreza e maior amplitude de movimento do que um ser humano, permitem que o seu cirurgião realize com sucesso cirurgias complexas em locais de difícil acesso (mesmo para cirurgia aberta).
Como é realizada uma Cirurgia Robótica?
O robot Da Vinci é composto por um sistema de três elementos: uma consola cirúrgica, um equipamento com os braços robóticos (que se acoplam ao paciente) e uma torre de comando composta pelo processador (computador) e sistema de imagem 3D, em alta definição. O cirurgião faz três a cinco pequenas incisões (5 a 12 mm) no seu corpo e insere os instrumentos miniaturizados e uma câmara tridimensional de alta definição, que acopla aos braços robóticos. Depois, desde uma consola contígua, o cirurgião manipula a câmara e os instrumentos para realizar a operação. Durante uma cirurgia robótica, o cirurgião usa os comandos da consola para manipular os instrumentos, e estes traduzem os comandos do cirurgião em movimentos precisos dentro do corpo do doente. O doente está permanentemente sob o controlo total do cirurgião e da sua equipa, garantindo a máxima segurança em todo o processo. O próprio sistema Da Vinci realiza ações de verificação de segurança durante o procedimento.
Para que patologias está indicada a Cirurgia Robótica?
A Cirurgia Robótica é frequentemente utilizada nos seguintes procedimentos cirúrgicos: Cirurgia Bariátrica: obesidade e/ou diabetes Cirurgia Oncológica: cancro do reto, cancro do cólon, cancro da próstata, cancro do rim e da bexiga, cancro do esófago e do estômago, cancro do fígado, do pâncreas e vias biliares, ginecologia oncológica, tumores da base da língua e cancro do pulmão. Ginecologia: endometriose Cirurgia da parede abdominal (hérnia umbilical, hérnia inguinal, hérnia incisional, diástase dos músculos retos abdominais) Cirurgia do refluxo gastroesofágico Cirurgia da acalásia Cirurgia Endócrina: tumores da tiroide; tumores da glândula suprarrenal Cirurgia Torácica Cirurgia Cardíaca Cirurgia Urológica (para além da cirurgia urológica oncológica)
Quais são as vantagens da Cirurgia Robótica?
Os dispositivos robóticos existentes no mercado oferecem um leque de novas e relevantes vantagens sobre a cirurgia convencional aberta e sobre a cirurgia laparoscópica: O cirurgião ganha maior amplitude de movimentos e mais destreza cirúrgica (os instrumentos são dotados de uma articulação que simula um punho humano dentro do doente mas de dimensões muito mais reduzidas, a qual requer um sistema digital para o seu comando preciso) O cirurgião tem uma imagem imersiva (como se estivesse dentro do doente), tridimensional, ampliada e de alta definição da área operada A estabilidade da imagem é total (100%) A câmara é controlada diretamente pelo cirurgião (e não por um ajudante) A precisão dos movimentos do cirurgião é muito maior, graças à filtração total do tremor natural realizada pelo sistema O cirurgião trabalha em perfeita ergonomia: sentado, de braços apoiados, com perfeito alinhamento entre o campo de visão e a área de trabalho Os braços robóticos movem-se em torno de um ponto fixo na parede abdominal (ou torácica) do doente (ponto pivot), que reduz o trauma sobre os músculos da parede e, consequentemente, reduz a dor no pós-operatório O sistema permite a interação direta com imagens radiológicas que guiam o cirurgião na anatomia como um sistema de GPS O cirurgião pode avaliar de forma precisa, durante a operação, a boa vascularização dos tecidos, através de imunofluorescência O cirurgião pode trabalhar com instrumentos mais longos, sem perda de precisão e sem incremento do tremor na ponta do instrumento (particularmente relevante no doente obeso) As forças de torção da parede abdominal que, em cirurgia laparoscópica, tendem a contrariar os movimentos do cirurgião e aumentar a dificuldade e o risco da operação, são completamente anuladas pelos sistemas cirúrgicos robóticos (o que é particularmente relevante em doentes obesos)
Quais são os benefícios da Cirurgia Robótica para o paciente?
As vantagens descritas para a Cirurgia Robótica consubstancia-se em benefícios diretos para o doente: Disseção mais precisa dos tecidos, com menos perdas de sangue e menor risco de lesão inadvertida de estruturas anatómicas que devem ser preservadas (como certos nervos, veias ou artérias) Suturas mais seguras e mais precisas Menos dor no pós-operatório Redução das perdas de sangue / Menos transfusões Restabelecimento mais rápido do trânsito intestinal Tolerância mais precoce à dieta oral Tempo de internamento mais curto Menor incidência de infeção da ferida operatória Menor incidência de hérnia incisional Regresso mais rápido às atividades quotidianas (higiene pessoal, vestir-se, etc.) Regresso mais rápido à atividade profissional Melhor resultado cosmético Resposta imunitária mais poderosa (com especial relevância no tratamento de doença oncológica) O resultado final é o aumento da segurança, menor incidência de complicações, menos dor e recuperação pós-operatória mais rápida. Além disso e igualmente relevante, o advento da Cirurgia Robótica permite que, hoje, se realizem por via minimamente invasiva operações mais complexas que, de outra forma, apenas poderiam ser realizadas por cirurgia convencional aberta. As vantagens e benefícios da cirurgia robótica encontram a sua expressão máxima na cirurgia de extrema complexidade técnica, como é o caso da cirurgia oncológica complexa ou da cirurgia de revisão (isto é, em doentes submetidos a operações prévias na mesma região anatómica).
De que forma é que a Cirurgia Robótica produz as referidas vantagens e benefícios?
1. Evita incisões mais ou menos longas e profundas Este facto, seja no abdómen, no tórax, ou em outras localizações, permite reduzir a agressão sobre a pele, músculos e restantes tecidos, o que facilita a recuperação global do doente: o fato de não serem seccionados músculos ou estruturas ósseas acelera a cicatrização (o tecido que não foi agredido não precisa de cicatrizar), permite uma recuperação funcional mais rápida e mais completa (o músculo seccionado nunca volta à sua forma original), reduz a incidência de infeção da ferida operatória e reduz a incidência de hérnias incisionais no futuro. Além disto, pequenas incisões com 5 a 12 mm de comprimento levam a cicatrizes menos visíveis (em muitos casos, impercetíveis), melhorando substancialmente o resultado cosmético. 2. A execução do procedimento é mais delicada, minuciosa e segura a. Maior e melhor visibilidade = mais precisão e maior segurança A utilização de câmaras e sistemas ópticos com uma definição de imagem superior à do olho humano, montadas num suporte físico de reduzidas dimensões (5 a 10 mm) e a capacidade de ampliação da imagem (sem perda de definição), permitem o acesso a pequenas cavidades e recessos que, de outra forma, seriam inacessíveis e uma execução técnica mais precisa e primorosa, reduzindo o dano inadvertido de estruturas anatómicas importantes de pequenas dimensões (como pequenos nervos e vasos sanguíneos, de difícil visualização). b. Instrumentos finos e delicados = menor agressão dos tecidos Na Cirurgia Minimamente Invasiva / Cirurgia Robótica o cirurgião não introduz as mãos dentro do paciente e estas são substituídas por instrumentos mais finos e delicados, especialmente desenhados para este tipo de cirurgia. Em consequência, evita-se a manipulação grosseira dos tecidos e órgãos do paciente, reduzindo a agressão e o trauma inerentes ao procedimento. 3. A região ou cavidade operada (por exemplo, o abdómen ou o tórax) está fechada durante todo o procedimento, sem o habitual contato prolongado da mesma com o ambiente extracorporal Na cirurgia por via aberta a região ou cavidade operada é deixada em contacto direto com o ar e com o ambiente extracorporal, por períodos que podem prolongar-se por várias horas. Este fato aumenta o risco de contaminação por micro-organismos presentes no ar ambiente, facilita perdas de água por evaporação com consequente desidratação e alteração do equilíbrio hidroelectrolítico e enfraquece a resposta imunitária global do organismo. Na Cirurgia Minimamente Invasiva / Cirurgia Robótica a região ou cavidade operada é mantida fechada durante todo o procedimento o que permite: reduzir o risco de infeção interna durante a operação manter a homeostasia e o equilíbrio hidroelectrolítico reforçar a resposta imunitária: muito importante, não só para a recuperação pós-operatória mas também no combate à doença de base, sobretudo no caso de doença oncológica.
Qualquer médico pode realizar Cirurgia Robótica?
Antes de realizar Cirurgia Robótica o cirurgião deve submeter-se a um processo de formação e certificação específico. Em primeiro lugar, é realizada uma certificação pela próprio fornecedor do equipamento (a Intuitive, no caso do robot Da Vinci) depois de várias sessões de simulação e de treino em animal num centro de formação especializado. Depois, o cirurgião em formação visita um centro de Cirurgia Robótica para observar in loco alguma intervenções cirúrgicas da sua especialidade (ação de formação conhecida como “Case Observation”); o centro e o cirurgião anfitriões têm que ser obrigatoriamente reconhecidos como centros de formação (o que acontece, por exemplo, com o Hospital CUF Tejo e respetivos cirurgiões). O cirurgião em formação é agora considerado apto a operar os seus primeiros doentes, sob a supervisão de um cirurgião formador certificado, um proctor, que se deslocará à sua unidade hospitalar para este efeito (ação de formação conhecida como “Proctoring”) o número de vezes que forem consideradas necessárias até que o cirurgião em formação seja considerado apto a praticar Cirurgia Robótica sem supervisão. O Hospital CUF Tejo desempenha uma intensa ação de formação, sendo sede de Case Observations e deslocando-se todos os meses alguns dos seus cirurgiões para ações de Proctoring, um pouco por toda a Europa.

Cirurgia Minimamente Invasiva

A Cirurgia Minimamente Invasiva é a cirurgia na qual toda a agressão relacionada com o procedimento cirúrgico é minimizada: a via de acesso é mais reduzida (através de pequenas incisões de 5 a 10 mm, em vez de uma grande abertura) e a execução é mais precisa e delicada. Na grande maioria dos casos (mas nem sempre) a Cirurgia Minimamente Invasiva pressupõe a utilização de sistemas de vídeo-endoscopia, razão pela qual também é chamada de Cirurgia Vídeo-Endoscópica. A cirurgia vídeo-endoscópica da cavidade abdominal também se chama Cirurgia Laparoscópica. Esta cirurgia tem vindo a ser realizada com recurso a aparelhos robotizados que obedecem, com segurança e precisão, ao comando direto de um cirurgião, por intermédio de uma interface digital (como, por exemplo, um computador): é a Cirurgia Robótica. Estes dispositivos aumentam o potencial do cirurgião, abrem novas possibilidades para a cirurgia minimamente invasiva e prometem revolucionar toda a cirurgia. A cirurgia minimamente invasiva trouxe grandes benefícios aos doentes, nomeadamente na sua recuperação pós-operatória.
Carlos Vaz
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