Doença de Ménière
O que é?
Trata-se de uma patologia crónica do ouvido interno. Este contem estruturas tubulares, os canais semicirculares, que estão preenchidos por um líquido (endolinfa). Ele é importante na interpretação da posição do corpo e na manutenção do equilíbrio. A doença de Ménière resulta da acumulação de grandes quantidades de líquido no ouvido interno. Os sintomas tendem a ser desencadeados por situações como o stress, excesso de trabalho, fadiga, variações de pressão, excesso de sal ou a ingestão de alguns alimentos. Atualmente não tem cura.
A doença de Ménière é assim chamada em homenagem ao médico francês que a descreveu no século XIX. Pode desenvolver-se em qualquer idade, sendo mais frequente entre os 40 e os 60 anos. A vertigem é a causa de tontura mais evidente, sendo responsável por 54% do total dos casos. Destes, 90% são provocados por três doenças, uma das quais é a doença de Ménière.
Sintomas
Os sintomas são muito variados, sendo diferentes antes, durante e após cada surto. Estes podem ser precedidos por uma “aura” que permite ao paciente preparar-se o melhor possível antes de ocorrer a crise. Durante este período podem ocorrer alterações do equilíbrio, tonturas, cefaleias, aumento da pressão nos ouvidos, perda de audição ou zumbidos, sensibilidade aos sons ou mal-estar.
Durante o surto ocorrem vertigens intensas, perda de audição intermitente e sensação de preenchimento do ouvido, associada ou não a zumbidos. Tendem a ocorrer outros sinais como ansiedade ou pânico, diarreia, náuseas e vómitos, visão turva, suores frios, palpitações e tremores. De um modo geral, pioram se o paciente executar movimentos bruscos.
No fim de cada ataque segue-se um período de fadiga extrema que obriga a umas horas de sono. Entre as crises há possibilidade de ocorrer ansiedade, alterações do apetite, dificuldade de concentração, fadiga, cefaleias, perda de autoestima, tensão muscular, palpitações e alterações da visão ou pode acontecer não haver qualquer manifestação da doença.
Um surto pode durar 20 minutos ou 24 horas e repetir-se várias vezes por semana ou com intervalos de meses ou anos. A variedade de sintomas e o seu carácter imprevisível tornam esta doença muito perturbadora, com forte impacto na qualidade de vida dos pacientes. Como tal, é fundamental um processo de educação e comunicação eficaz com os indivíduos afetados de modo a que aprendam a lidar o melhor possível com a sua patologia. É importante envolver a família e os amigos para que todos saibam como reagir sempre que ocorre um ataque. Durante essas crises, é fundamental que o doente seja colocado num local seguro, tranquilo, evitando movimentos com a cabeça e com os olhos e evitando luzes intensas. Uma boa hidratação será também importante, sobretudo se ocorrerem vómitos. Após o ataque, o repouso é essencial e é igualmente importante que se retome gradualmente a atividade após cada crise. A prática regular de exercício físico pode ajudar bem, como uma gestão adequada do stress.
Nas fases mais tardias da doença, a perda de audição vai-se tornando persistente, os zumbidos tornam-se mais fortes e o desequilíbrio pode interferir com a marcha. Estes indícios são particularmente problemáticos em condições de baixa luminosidade, fadiga ou na presença de estímulos visuais muito intensos. As complicações mais comuns são a incapacidade de caminhar pela presença de vertigens incontroláveis ou a perda de audição no lado atingido.
Causas
As suas causas não são bem conhecidas, admitindo-se que possa resultar de problemas circulatórios, alérgicos, genéticos, estar relacionada com infeções virais ou com traumatismos. O tabaco e o álcool também têm sido apontados como potenciais responsáveis.
Diagnóstico
Passa pelo exame neurológico, por testes de audição e por procedimentos mais específicos como provas de estimulação calórica e outras. Uma ressonância magnética pode ser igualmente útil.
Tratamento
Importa reter que esta doença não é, presentemente, curável. Contudo, os tratamentos disponíveis ajudam a lidar com os seus sintomas. Pretendem, por um lado, reduzir a gravidade de cada surto e, por outro, diminuir a sua frequência. Em regra geral, a terapêutica disponível tem resultados positivos em 60% a 80% das pessoas. Um aspeto importante é a adoção de uma dieta com redução de sódio, que ajude a controlar a retenção de água, conseguindo-se assim diminuir a pressão no ouvido interno. Os diuréticos podem contribuir para esse alívio. Um medicamento muito utilizado é a beta-histina, que ajuda nas vertigens. Podem ser igualmente úteis fármacos que controlem as náuseas e vómitos, bem como alguns sedativos. Existem outras opções que passam pela reabilitação vestibular (programa de exercícios para reduzir os sintomas de desequilíbrio e tontura) ou alguns tipos de cirurgia. O médico deve definir qual a melhor terapêutica para cada caso.
Prevenção
Considerando que se trata de uma doença que não pode ser prevenida, uma correta abordagem requer que a patologia seja bem conhecida por todos os envolvidos de modo a que seja mais fácil lidar com ela e tomar as decisões mais adequadas em cada momento.