Cancro da bexiga
O que é?
O cancro da bexiga tem origem normalmente nas células de revestimento da bexiga, isto é, no urotélio.
Aproximadamente 75% dos doentes com cancro da bexiga apresentam-se no momento do diagnóstico com uma doença confinada à mucosa e submucosa (tumores não musculo-invasivos). Este tipo de cancros tem uma alta prevalência devido à grande sobrevivência a longo prazo, em comparação com tumores musculo-invasivos.
Prevenção
Não existem estratégias de prevenção para o cancro da bexiga.
Fatores de Risco
- Hábitos tabágicos
O hábito de fumar é o fator de risco mais alicerçado para cancro da bexiga, causando 50-65% dos casos masculinos e 20-30% dos casos femininos. A incidência de cancro da bexiga está diretamente relacionada com a duração do hábito de fumar e o número de cigarros fumados por dia. Observou-se uma diminuição imediata no risco de cancro da bexiga em quem parou de fumar. A redução foi de cerca de 40% dentro de 1-4 anos e 60% após 25 anos de parar de fumar.
- Exposição ocupacional a produtos químicos
Exposição ocupacional é o segundo mais importante fator de risco para cancro da bexiga. Foi responsável por 20-25% de todos os casos de cancro da bexiga em vários estudos relacionados com o trabalho. As substâncias envolvidas na exposição química incluem derivados de benzeno e aminas, sendo mais provável a ocorrência em trabalhadores das indústrias de corantes, borrachas, têxteis, couros, tintas e outros produtos químicos. O risco do cancro da bexiga, devido à exposição ocupacional a aminas aromáticas cancerosas é significativamente maior após 10 anos ou mais de exposição. O período de latência média geralmente excede os 30 anos.
- Radioterapia
O aumento das taxas de malignidade secundária na bexiga tem sido descrito após a radioterapia externa para cancros ginecológicos. Em um estudo de corte de base populacional, os rácios de incidência padronizada para o cancro da bexiga após a realização de vários tratamentos de cancro da próstata tais como a prostatectomia radical, radioterapia, braquiterapia e radioterapia-braquiterapia foram 0,99, 1.42, 1.10 e 1.39, respetivamente, em comparação com a população geral nos Estados Unidos. Assim, todos os doentes que receberam algum tratamento com radioterapia necessitam de um seguimento por um longo período, dado o grande risco de desenvolverem cancro da bexiga.
- Dieta
Vários fatores dietéticos foram estudados para verificar o seu relacionamento com o cancro da bexiga. Um grande estudo prospetivo multicêntrico europeu sobre cancro e nutrição (EPIC) não encontrou qualquer associação entre dieta, estilo de vida, fatores ambientais e o cancro. Isto é, nesse estudo não se encontrou qualquer ligação entre cancro da bexiga e ingestão de líquidos, carne vermelha, consumo de frutas e vegetais.
- Esquistossomose ou bilharzíase vesical e infeção urinária crónica
A Esquistossomose vesical (bilharzíase) é a segunda mais frequente infeção parasitária depois da malária, com aproximadamente 600 milhões de pessoas expostas em África, Ásia, América do Sul e no Caribe. Há uma relação bem estabelecida entre carcinoma da bexiga e a infeção por este parasita que se pode desenvolver no sentido de carcinoma de células escamosas. Um melhor controle da doença está a diminuir a incidência de carcinoma escamoso da bexiga em zonas endêmicas, como é o caso do Egito.
Da mesma forma, o carcinoma escamoso invasivo tem sido associado à presença de infeção crónica do trato urinário distinta da esquistossomose. Uma associação direta entre cancro da bexiga e infeções do trato urinário tem sido observada em vários estudos de caso-controlo.
- Sexo
Embora os homens sejam mais propensos a desenvolver cancro da bexiga do que as mulheres, as mulheres apresentam-se com doença mais avançada e têm piores taxas de sobrevivência. Uma meta-análise com uma população total de quase 28.000 doentes mostraram que o sexo feminino foi associado com um pior resultado de sobrevivência em relação ao sexo masculino após tratamento cirúrgico. Um estudo de base populacional indicou que mulheres experimentaram mais atrasos no diagnóstico do que os homens, dado existirem mais diagnósticos diferenciais que incluem doenças que são mais prevalentes que o cancro da bexiga.
As diferenças na prevalência de cancro da bexiga entre o homem e a mulher podem ser devidas a outros fatores para além do tabaco e a exposição a substâncias químicas. Em um estudo de corte prospetivo, o estado pós-menopausa foi associado com um aumento no risco do cancro da bexiga, mesmo após o ajuste para o tabagismo. Este resultado sugere que as diferenças nos níveis de estrogênios e androgénios entre homens e mulheres podem ser responsáveis por alguma diferença da prevalência do cancro da bexiga.
- Fatores genéticos
Há uma crescente evidência de que fatores de suscetibilidade genética e associações familiares podem influenciar a incidência de cancro da bexiga. Em um estudo, verificou-se que a história familiar de cancro em parentes de primeiro grau foi associada a um risco aumentado de cancro da bexiga e a associação foi mais forte entre doentes mais jovens. Estudos recentes detetaram suscetibilidade genética em alguns “loci” independentes que foram associados com risco aumentado de ter cancro da bexiga.
Sintomas
Os sintomas de cancro da bexiga não são exclusivos, podem aparecer noutras doenças, nomeadamente infecções. O facto de ter um ou mais dos sintomas aqui descritos não significa que tem cancro da bexiga.
Os sintomas de cancro da bexiga não são exclusivos e podem aparecer noutras doenças, nomeadamente infecções. A existência de um ou mais dos sintomas aqui descritos não significa que exista cancro da bexiga.
Os sintomas a estar atento são:
- Sangue na urina (hematúria) – urinar sangue é o sinal mais frequente na apresentação do cancro da bexiga. A hematúria normalmente é assintomática.
- Vontade frequente de urinar, muitas vezes com imperiosidade miccional.
A quem me devo dirigir?
Em caso de suspeita de cancro, devido a sintomas ou a um exame complementar de diagnóstico que apresente uma alteração, deve dirigir-se a um Urologista, ou em alternativa, menos habitual, a um Oncologista.